Quando nos deparamos com a questão das traduções da Bíblia
sempre ouvimos questionamentos, do tipo: “Diante de tantas traduções, que
Bíblia devo usar?” Nesse texto vamos procurar compreender a questão no nível da
educação infantil, entretanto, posteriormente poderemos ver melhor o assunto entre
os adultos.
No ensino infantil a questão da tradução também não é
diferente e as vezes fica ainda mais ampla, pois, sabemos que devemos comunicar
o evangelho em linguagem simples e acessível as crianças, pois do que
adiantaria falarmos, falarmos sem sermos compreendidos por elas?
De fato, temos a consciência, que a semente plantada no
coração dos pequeninos do Senhor irá frutificar conforme a soberana vontade de
Deus. Contudo, o apóstolo Paulo também tratou de uma questão semelhante, e alegou
que preferia falar cinco palavras e ser compreendido, do que usufruir de toda a
sua sabedoria e eloqüência e não ser entendido, (1Co 14.19, 1Co 1.17). Apesar da
questão no contexto da carta se referir a imaturidade dos Coríntios, o apóstolo
descreve que as crianças necessitam de uma linguagem mais simples (1Co 3.1). Diante
dessa questão, ainda nos perguntamos: “Que tradução devemos usar no ensino das
crianças?”
Primeiro, devemos evitar os dois extremos; o da linguagem
culta e elevada demais para as crianças, pois dessa forma falaríamos sem sermos
compreendidos, e o da linguagem demasiadamente simplista, o que poderá trazer
um grande comodismo na mente da criança, e pode dificultar ou atrapalhar o seu desenvolvimento
no futuro quando se deparar com uma melhor tradução das Escrituras.
A segunda questão diz respeito a leitura da Bíblia, pois,
temos que incentivar os pequeninos a ler a Palavra de Deus desde a infância, e
hoje existe uma grande variedade de Bíblias em linguagem simples para as
crianças, por esses dias examinamos umas dez versões diferentes, e observamos que algumas delas além de não trazer uma linguagem apropriada para idades
pretendidas, ainda contém acréscimos de detalhes que em alguns casos dão
sentidos diferentes ao texto bíblico de fato, sendo quase a semelhança de
bíblias temáticas que existem de montão em nossos dias.
Dessa
forma é preciso, comparar bem antes de comprar uma bíblia para seu filho, não compre
apenas pelo título ou pelo desenho que tem na capa. Procure conhecer antes o
texto que você dará ao seu filho, bem como os Dvds e Cds de músicas infantis. Pois,
muitas vezes com eles vêm acompanhados grosseiros erros de interpretação
bíblica. Tenha em mente ainda, que as bíblias em linguagem infantil, nem o
simples fato de levá-lo a igreja não substituem a sua responsabilidade de ler e
ensinar a Palavra de Deus ao seu filho, houve uma época em que muitos pais liam histórias para seus filhos antes de dormir e as bíblias infantis podem ser uma boa ferramente nesse sentido. Você deve ler e orar com eles, contar-lhes
os feitos do Senhor e ensiná-los a guardar os seus mandamentos com vida
exemplar, o texto é claro, “as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado
em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, ao levantar-te.”(Dt 6.7)
Dessa forma você mesmo tem que estudar, “examinar as
Escrituras que testificam de Cristo” (Jo 5.39), e assim, poderá identificar os
erros do nosso tempo, e ensinar a verdade a seu filho. Acreditamos que as “Bíblias para Crianças” têm sua utilidade
e com certeza contribui de alguma forma no crescimento e educação das crianças, e existem muitas que nesse sentido são muito boas. Entretanto, lembre-se que elas
constituem “simples paráfrases”, que constitui uma “tradução mais livre”, assim,
parafrasear é basicamente, “explicar ou traduzir um texto por meio de uma
linguagem mais simples sem, contudo, alterar as idéias originais”, a questão
maior relacionada às traduções estão nos equívocos de interpretação.
A última consideração que queremos fazer aqui, está
relacionada ao ensino do professor da Escola Dominical. Na igreja não adianta
ele ter apenas didática ou metodologias de ensino, mas, o mais importante que
isso é ele ter vida piedosa, conhecer e entender corretamente a bíblia, pois,
há muitos que têm uma bíblia com uma tradução bem próxima do original, até
conhecem um pouco de grego ou hebraico, as línguas em que foi escrita a Bíblia,
mesmo assim são pregadores infiéis a Palavra e distorcem o ensino bíblico na
hora de expor ou transmitir a Palavra de Deus.
Contudo, se vamos ensinar a Palavra de Deus as crianças,
devemos descer ao nível delas. Portanto, é tarefa do professor, preparar a
lição apropriadamente e até comparando as traduções, e transformar a mensagem
numa linguagem simples e acessível as crianças, sem ser infiel ao sentido real
da mensagem, não é tarefa fácil, mais certamente muito gratificante.
Nos seminários presbiterianos, aprendemos algo semelhante, estudamos
grego e hebraico, com as suas características. Contudo, na hora de transmitir o
evangelho para a igreja levamos a mensagem em linguagem simples de forma que o
povo compreenda o ensino de nosso Senhor Jesus, que é puro e simples, como diz
o apóstolo Paulo falando da simplicidade do evangelho, ou que há em Cristo (1Co
11.3). E nas próprias palavras do nosso Senhor que diz, “Em verdade vos digo:
Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará
nele.” (Mc 10.15)
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